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Desde que a internet passou a tratar com mais seriedade e abrangência temas como o de crianças que apresentam comportamentos que não se encaixam nos papéis tradicionais de sexualidade e gênero, o mundo tem abraçado uma tendência libertadora contra os rótulos e estereótipos.
Páginas na internet, por exemplo, reúnem fotos de crianças, enviadas pelos próprios visitantes, que, ao chegarem à juventude ou à fase adulta, se descobriram LGBTQIA+. Esse comportamento é parte de uma tendência de questionar os estereótipos impostos pela sociedade há séculos, mas que vem perdendo força atualmente com a mudança de pensamento por parte da sociedade.
Estudos revelam que crianças, nos cinco primeiros anos de vida, despertam interesse por uma variedade de objetos, contudo, a partir desse momento sofrem com a imposição social dos rótulos, que acabam reforçando comportamentos, como a distinção de cores específicas para meninos e meninas. A psicóloga Liliana Lopes afirma que a criança deve ter liberdade para explorar uma maior variedade de brinquedos, pois dessa forma se relacionará melhor com ambos os sexos e não se aprisionará a rótulos.
A psicóloga alerta para os riscos que os rótulos oferecem às pessoas ao explicar que os estereótipos são construções erguidas no imaginário da sociedade e estabelecem papéis para indivíduos, que podem envolver orientação sexual e identidade de gênero. Liliana Lopes reforça, entretanto, que um dos maiores problemas ocorre quando as construções de orientação sexual são atreladas às expectativas de comportamentos aos homens gays, principalmente aqueles que fogem dos padrões de heteronormatividade.
É muito comum ver homossexuais serem retratados em novelas e filmes como pessoas cômicas ou marginalizadas, como cabeleireiros, maquiadores ou garotos de programa, reforçando um estereótipo negativo. No entanto, não se vê com tanta facilidade homossexuais em papéis de intelectuais ou de liderança.
Essas construções coletivas imaginárias causam conflitos sociais que geralmente se convertem em preconceitos. Um gay afeminado está muito mais propenso a sofrer bullying pelo simples fato de não seguir um padrão do que um homossexual que se enquadra em padrões heteronormativos.
Para a psicóloga, é preciso ensinar as crianças a pensarem sobre elas não precisarem seguir os padrões impostos pela sociedade do nosso tempo. “Esse é um dos diversos caminhos possíveis para que possamos nos ver livre dos estereótipos que nos aprisionam e dos mais variados preconceitos que ainda persistem, e não apenas com os LGBTQIA+, mas contra negros e outras minorias.