Veluma foi a segunda finalista do concurso “A Melhor de 4” dentro do espetáculo Rival Rebolado, em cartaz no Tetatro Rival. Paulo Oliveira é de São Gonçalo e em 2001 iniciou a carreira artística como Veluma. Mora em São Gonçalo, mas trabalha no Rio de Janeiro durante o dia, como maquiador, em uma loja de cosméticos e à noite com shows.
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Dentro do Divertidíssima, Veluma respondeu ao #Alternativa, falando com toda sinceridade sobre assuntos pertencentes a seu universo (ou não).
O que é a #Alternativa?
Nessa “brincadeira” o convidado recebe várias duplas de palavras (que podem ser pessoas, sentimentos, situações...) e deve dizer qual das duas prefere e o porquê. Mas pode ainda escolher as duas ou nenhuma das duas palavras, e sempre explicar o motivo da escolha. Então vamos à #Alternativa Veluma.
VELUMA X PAULO
Eu acho que um depende do outro. A Veluma é a minha realização e a forma como consigo expressar a minha arte, só que ela depende do Paulo, para poder se sustentar, pra poder comprar as coisas, enfim, um acaba dependendo do outro. Então é coluna do meio, são os dois. É bom estar de Veluma, mas nas horas de descanso, de lazer é muito gostoso estar de Paulo.
RIO DE JANEIRO X NITERÓI
Aqui em Niterói nós não temos tanta opção de trabalho. Eu moro em São Gonçalo, amo morar aqui, amo Niterói, mas o Rio de Janeiro é para trabalhar. Eu trabalho durante o dia no Rio, e fazendo shows também, sempre no Rio de Janeiro. Poucas vezes em Niterói, onde deveria ter mais opções de entretenimento voltado ao nosso meio, temos poucas coisas, somos muito carentes de opções em Niterói e São Gonçalo. Então é coluna do meio, pois amo as duas cidades.
AMIGOS X FÃS
Eu não consigo ver as pessoas que admiram o meu trabalho como fãs, a gente acaba estreitando a relação e todos viram meus amigos. Eu os tenho como amigos, a gente conversa, eu passo a agenda de trabalho para eles, ele vão ao camarim, batemos papo, no dia do meu aniversario, os mais próximos, com certeza, sempre estão comigo e eu os considero como amigos. Fica um carinho tão grande que eu não consigo vê-los como fãs e sim como amigos. Então acho que os dois estão juntos.
SEXO X AMOR
Eu sou casado há sete anos, muito bem casado por sinal, e consigo praticar as duas coisas (risos). Tem dia mais para o amor e tem dia mais para o sexo, não é verdade? E os dois com a pessoa que você ama é muito melhor.
HOMOFOBIA X LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Xô Homofobia. Eu acho que o respeito é base de tudo, independente de ser gay, hétero, trans... Eu acho que tem que ter o respeito sempre. Ninguém é obrigado a aceitar ninguém, mas é obrigado a respeitar. Infelizmente nem sempre isso acontece, eu acho uma pena, porque você tem o direito de ser o que você quiser, de fazer o que você quiser tendo o respeito como base. Infelizmente isso acaba não acontecendo. É uma pena.
Confesso que não sou muito ligado nos assuntos de militância, nem sou envolvido com militância e política, mas leio e vejo uma coisa ou outra. Acredito que muita coisa que já foi feita no passado colabora para que hoje muitas pessoas estejam em cima dos palcos fazendo shows, para que muitas trans estejam andando nas ruas e muita gente tenha saído do armário. E em relação a isso, mesmo com tanta violência e tudo que tem acontecido, acho que as coisas têm melhorado, pouco, mas tem melhorado. Então, nesse caso, escolho a militância.
DIA X NOITE
Os meus programas são todos diurnos, eu amo sair durante o dia, amo ir ao cinema, amo sair para comer uma coisa diferente, eu gosto bastante do dia, mas é a noite que a Veluma surge, então não tem como eu não amar a noite também, os teatros as boates, onde tenho meu trabalho como Veluma, enfim eu gosto dos dois.
PARADAS LGBT X EVANGÉLICOS
Nenhum dos dois, mas eu explico. A parada LGBT para mim virou uma grande micareta, eu acho que o grande propósito da gente estar ali mostrando que a gente existe, brigando pelos nossos direitos, já passou, virou uma grande micareta. Eu acho que, sem querer parecer muito moralista, acontecem muitas coisas que não deveriam acontecer na parada LGBT, muita promiscuidade, muito nudez e acho que existem outros dias para se fazer isso e não nesse dia que as famílias estão ali com filhos e tudo mais, enfim... Aconteceu na parada de Cabo Frio, por exemplo, de um pai pedir para uma travesti, se tinha como ela colocar alguma coisa para tampar os seios, porque o filho dele, de seis anos, estava ali na parada gay e ela simplesmente fez um corte na cara desse senhor, enfim, esse é um evento que não conta com a minha presença nunca, porque acho que existem outras formas de reivindicar nossos direitos. Quanto aos evangélicos eu acho que eles deveriam parar com essa perseguição, se preocupar com a vida deles e estudar sobre religião. Estudar que é muito feio apontar e julgar o próximo, lógico que não estou falando de todos os evangélicos, mas dos mais fanáticos.
DEUS X DIABO
Eu acredito muito em Deus e não no diabo, esse acho que não existe. O inferno é aqui onde a gente vive. Acho que o que a gente faz aqui, vamos pagar aqui. Acho que tudo isso que estamos vivendo, de guerra, de terrorismo e tudo mais, já é o inferno, eu acho que não há um lugar pior do que esse que estamos vivendo nesse momento.
DILMA X TEMER
Como disse anteriormente, eu não sou muito ligado a assuntos políticos, deveria, mas confesso que não sou, mas se tivesse que escolher um dos dois, diria que nenhum deles, pois se fossem tão competentes, não teriam levado o país pra onde levaram. Tudo bem que a culpa não é só deles, é de um erro consecutivo que vem acontecendo há anos, de muita corrupção, muito roubo, muita enganação ao nosso povo, a gente não pode culpar somente os dois, mas como o poder estava ultimamente nas mãos dos dois, durante alguns anos na mão da Dilma, eu culpo os dois. Pior ainda agora na mão do Temer. Nenhum dos dois. Para mim eu voltaria com o país para as mãos dos índios e pediria desculpas por tanta besteira cometida.
Conheço as duas e trabalho com elas na noite. Elas têm os seus valores e colaboraram com o mundo LGBT. A Meime ficou anos à frente do Cabaré Casanova, na Lapa, e a gente costuma dizer que o Cabaré foi a faculdade do mundo do transformismo carioca. A gente aprendeu muita coisa com ela. Eu aprendi. Ela é um ícone. A Eula também já viveu muita coisa. Colaborou muito para que a gente hoje possa estar fazendo show. Ela foi a primeira door aqui no Rio de Janeiro, foi ela que criou essa coisa aqui. Enfim as duas têm grande valor no nosso meio. Então eu escolho as duas, claro.
DUBLAR MÚSICA AMERICANA X DUBLAR MÚSICA BRASILEIRA
Então, dublar música americana é um desafio porque eu gosto de colocar emoção em tudo que eu dublo e eu preciso saber a letra, por isso, se eu não entendo determinada palavra eu vou pesquisar, pegar a letra, para saber o que ela aquela música fala, para eu poder colocar emoção e saber o que eu estou dublando, senão eu não consigo, não dá para chegar ao palco e “cuspir” a música, é preciso estudar o que ela diz. E a música brasileira parece ser mais fácil, mas não é, é mais difícil para você passar a realidade com a música brasileira, aquela sensação que você está cantando... Eu acho mais difícil que a música americana. Mas amo dublar as duas.
GATO X CACHORRO
Gosto muito dos bichinhos, de todos eles, mas eu tenho um Poodle nº1, pequenininho, o nome dele é Titi, tem três aninhos, virou meu filho. Eu nunca tinha tido um animal antes... Eu sou completamente apaixonado por ele, é meu filho de verdade. Nunca tive um gato, acho eles mais independentes, mais frios, os cães são mais amorosos, mais carinhosos.
SINCERIDADE X PONDERAÇÃO
Eu acho que a sinceridade nem é uma qualidade do ser humano, ela é uma obrigação, mas existem pessoas que a confundem com falta de educação. Eu acho que você pode ser sincero sim, mas com ponderação. Você pode dizer a verdade com jeitinho, para não machucar, não magoar, não sair falando: “Ah! Porque eu tenho que ser sincero” e dsizer o que você quiser na cara das pessoas. Então acho que as duas têm que se complementar, ai sim é válido.
LEANDRA LEAL X TEATRO RIVAL
O mais engraçado é que uma semana antes de eu participar do concurso, eu estava vendo umas chamadas na Globo, que vai voltar a novela “Cheia de Charme”, onde a Leandra é uma das protagonistas. Acho legal que essa novela irá voltar, ela é meio musical, têm elas cantando, com coreografia e tem tudo a ver com meu trabalho, eu sou bailarino, formado em dança, achei o máximo. Na semana seguinte um amigo me mandou um link com a inscrição para o “A Melhor de 4”. A Leandra já era uma atriz que eu estava acostumado a ver na TV, a acompanhar o trabalho e admirar sua interpretação. De repente eu estar ali no palco do Rival, um teatro que tem história de vários artistas terem pisado naquele palco e eu estar ali ao lado dela e ainda ganhar a eliminatória do concurso, para mim foi uma realização. Tinha hora que ela me perguntava alguma coisa e eu, com a boca seca, não sabia o que responder. Foi louco, mas com certeza gratificante.
PÚBLICO X PALCO
Eu tenho respeito pelos dois. Como dizem, a voz do publico é a voz de Deus. O público é muito sensível para perceber as coisas e tudo mais. A minha relação, tanto com o público quanto com o palco, é de extremo respeito. O palco para mim é viciante, não vejo a minha vida sem ele, e para o espetáculo acontecer é preciso que tenha o público. Aquele dia da eliminatória, a casa lotada, o público em pé me aplaudido foi um momento mágico. Fiquei dois dias sem conseguir dormir direito, com aquela cena na cabeça, foi incrível. Em relação a público e palco é respeito mútuo.
Fotos: Eduardo Moraes / Maurício Code / www.emfotos.com.br
Por: Eduardo Moraes
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br