Mergulhe na obra do artista gay Gastohn Barrios, que mistura a beleza masculina com o acesso a voz política.

O aspirante a ator, fotógrafo, modelo, poeta... Gastohn Barrios explora cada cor de sua paleta artística para capturar beleza e harmonia. Os seus rebentos nascem de mexer com personagens, períodos e cenas inegavelmente sensuais, com destaque para a forma, as curvas e a textura.

Como disse Ansel Adams, "você não pega apenas um instantâneo com sua câmera, mas você traz para o ato de fotografar todas as imagens que você já viu, livros que você leu, músicas que ouviu e pessoas que você amou."

Para Barrios, suas inspirações estão em suas viagens. Nascido em Buenos Aires, Gastohn deixou sua terra natal, a Argentina, na entrada de sua idade adulta, a fim de perseguir seu sonho de se tornar um ator nos Estados Unidos.

Lá, ele desembarcou e seus próximos passos foram atrás dos flashes e dos holofotes da publicidade. Suas outras aventuras, então, levou-o para a Espanha, Chile e especialmente aqui para o Brasil, para alimentar seu trabalho, que muitas vezes toma o caminho da nudez...

“A nudez é algo rebelde para mim, porque durante toda a minha escolaridade eu frequentei a escola católica, onde os nossos próprios corpos e nossa própria sexualidade eram uma espécie de pecado proibido. Então meus clicks são de alguma forma uma maneira de gritar: Eu acho que por mim.”

Mas também tem o erotismo...

“O erotismo está em todos os lugares. Está em um comercial, em revistas de moda, mesmo na ‘vida cotidiana’, no trabalho, na rua... Eu acho que é parte do ser humano. E tento perceber isso no meu trabalho; não há necessidade de fotografar a nudez ou de viver erotismo e sexualidade, pois mesmo a morte é algo sensual para mim, de como eu a represento. Eu sempre tento capturar a beleza, sensualidade, harmonia, e, claro, a minha própria visão de tudo isso."

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Barrios ganhou o prêmio anual "Pride Photo Contest" da revista Next há dois anos e teve a oportunidade de expor suas obras no Museu Leslie Lohmann Gay and Lesbian Art, em Nova York, no mesmo ano. Suas fotografias trazem uma mensagem muito mais comprometida do que parece à primeira vista.

“Como gay, meu compromisso com os direitos LGBT é compreensível, mas também falo como um indivíduo. Por exemplo, quando o ‘casamento para todos’ foi promulgada na Argentina em 2010, por Cristina Fernández, muito do que o governo concordou com a Igreja foi contra as coisas terríveis que foram ditas naquela época. Então eu me expresso não só através da fotografia, mas também escrevendo.

“Eu estava na Rússia e amei o país, mas eu não podia admitir o discurso anti-gay Putin e o que ele fazia ao seu povo; a ferramenta que eu tinha em minhas mãos para expressar o meu pensamento era a imagem. Mas é também crítico de cada forma repressiva, cada um não ter a liberdade de todos. Nesta imagem é um russo gay, mas poderia ser um latino ou negro nos Estados Unidos, um desconhecido na Europa, um cristão em um país muçulmano ou um gay em um monte de outros lugares. A luta pela aceitação e igualdade de direitos está em todo o mundo, longe de ser ganha e parece até um pouco mais longe para enfrentar tudo o que nosso mundo é hoje em dia.”

“A imagem mais importante para a nossa comunidade é a que eu intitulei Fallen Angel. Imagine a discriminação enfrentada pelas travestis, pessoas trans e drag queens em nossa sociedade. Este corpo nu e sem vida, significa o quanto a convicção social de um indivíduo pode ser fatal. Além disso, o corpo não tem sexo particular. Na calçada, você pode ver um par de sapatos vermelhos, que simboliza tanto a sua luta quanto a vontade de seus sonhos se tornarem realidade. Finalmente, este par de asas desenhadas na rua tende a mostrar o personagem principal como um mártir, uma criatura divina (todos nós somos), e, ao mesmo tempo, enfatiza a pureza de cada ser humano, independentemente da sua orientação sexual.”

Confira mais do trabalho de Gastohn Barrios em seu site.

Fotos: Gastohn Barrios

Fonte: Têtu