Marcello Taurimo: Depois de muito aguardado, enfim, “Amor Geral” foi oficialmente lançado! Por que a escolha desse título? O álbum fala exclusivamente sobre o amor, é isso?
Fernanda Abreu: "Amor Geral" é um álbum autobiográfico onde o tema é o amor. Centrado não em mim, mas no outro. O outro como ponto de partida e o amor como ponto de chegada. É um disco sobre a vida onde o amor, que parece um tema banal, se afirma como a força fundamental, pois no cenário de indiferença, cinismo, consumismo, intolerância e ódio que marca os nossos dias atuais, o amor é a mais bela e eficiente forma de resistência. A resposta mais poderosa. Num momento em que o mundo parece andar pra trás desprezando e atropelando o respeito às liberdades de expressão sexual e afetiva, às formas alternativas de família, às diferenças culturais e religiosas, à tolerância no convívio social e no trato pessoal, apresento "Amor Geral" como uma espécie de antídoto.
MT: Como foi trabalhar com Giovanni Bianco, artista super talentoso e bastante conhecido por seus trabalhos com Madonna e recentemente com Anitta? Soube que foi ele quem te procurou, é verdade!?
FA: Eu estava na pista de dança quando Giovanni Bianco passou por mim e brincando falou: "agora que você se separou de Luiz Stein, quando iremos trabalhar juntos?" Uau!, pensei. Dali em diante foi só alegria! Quanto talento, inteligência e generosidade numa única pessoa. Essa capa lindamente criada por ele traz uma imagem que, pra mim, simboliza a eterna procura do ser humano. Uma espécie de esfinge sugerindo que o amor entre os homens é um eterno enigma a ser decifrado, num olhar que traduz um misto de apreensão e esperança, somado a ideia do texto impresso na pele da mão lembrando que escrevemos o mundo ao mesmo tempo que somos escritos por ele.
MT: Por que a escolha da canção “Outro Sim” para ser o 1º single do álbum?
FA: Escolhi como faixa de abertura, pois sintetiza o sentimento do álbum. Uma espécie de faixa- manifesto. Então convidei Wladimir Gasper (pseudônimo de Pedro Bernardes) de quem sou fã do trabalho.
MT: Como foi o processo de filmagem do belíssimo videoclipe? Foi fácil trabalhar com os novos profissionais do seu time (Sony, Conspiração Filmes, Mini Kerti)?
FA: Mini Kerti já tinha dirigido o videoclipe "Eu vou torcer" do CD "Na Paz" e foi mais uma vez muito bom trabalharmos juntas. Montamos uma equipe ótima! Claudia Kopke no figurino, Fernando Torquatto no make up, Dani Lima na coreografia, Flavio Zangrini na excelente fotografia, Carol na edição e a Conspiração na produção. O projeto gráfico de Giovanni Bianco foi a inspiração para o clipe.
MT: Partindo daquele ditado que diz que “as mães deveriam ser eternas”, pergunto: Foi emocionalmente muito difícil pra você escrever a canção “Antídoto”, feita em homenagem a sua mãe?
FA: Numa das madrugadas tristes que passei pensando na condição terrível em que minha mãe se encontrava (num coma há anos), peguei o violão, deitada na cama, e comecei a tocar uns acordes que já vieram acompanhados de melodia e letra juntos. Nunca tinha me acontecido isso antes.
MT: Além da canção pra sua mãe, nesse mesmo disco você também canta uma música para o seu atual namorado e outra para o seu ex-marido, “Amor Geral” seria um “diário” em formato de álbum?
FA: Como disse ele é um disco autobiografico. "Valsa do Desejo" foi inspirada na minha paixão por Tuto Ferraz, escrevi essa letra e comecei a criar a melodia a cappella dançando uma valsa em casa. Fui pra SP e pedi ajuda pra ele, que sentou ao piano e criou uma harmonia linda e densa que, somada ao arranjo de cordas, criou a atmosfera que eu queria. Já em "O que ficou", Thiaguinho Silva, baterista e compositor me mandou uma melodia no piano que me inspirou de cara. Escrevi a letra pro Luiz Stein, que foi meu marido por 27 anos e é pai das minhas duas filhas.
MT: A colaboração do ícone Afrika Bambaataa para o disco, deve ter sido incrível! Conte-nos sobre essa parceria.
FA: Alô Fernanda, sabe quem está aqui no Estúdio? Afrika Bambaataa! Vem pra cá! Foi assim que Sérgio Santos começou a produzir essa faixa. Em seguida, eu já estava no meu estúdio Pancadão, de frente para o pai do Funk Carioca, criador da clássica e emblemática música "Planet Rock", o icônico Bambaataa. A faixa é uma homenagem ao Tambor, expressão primeira da cultura negra e da comunicação entre os homens.
MT: Das 10 canções do álbum, qual você sugere aos ouvintes uma atenção especial? Por quê?
FA: Não. Ouçam todas!!! Emoticon smile
MT: Após mais de duas décadas longe desse formato, qual a sensação de ter um disco novamente prensado em vinil em plena era digital? “Amor Geral” também será comercializado em LP ou trata-se apenas de uma edição promocional?
FA: Será lançado e comercializado em vinil. Acho muito bacana, pois o som é melhor, a capa fica linda no formato vinil e as informações estão muito mais destacadas.
MT: Com o lançamento de toda a sua discografia em formato digital, podemos esperar também pelos relançamentos dos álbuns físicos, incluindo material extra, remixes, etc?
FA: Não sei ainda. Por enquanto a Sony, junto com a Garota Sangue Bom Music, irá lançar o catálogo (CDs) nos meios digitais.
MT: Agora com um canal oficial no Youtube e com o sucesso que “Outro Sim” está fazendo, podemos esperar por clipes antigos, vídeo releases, making of e imagens de shows nesse canal?
FA: Acredito que sim!!!! Essa é minha vontade.
MT: Quando o público poderá assistir a nova turnê? Já existe alguma data e local agendado para a estréia do novo show?
FA: Estou no processo de montagem do show. Arranjos, ensaios, reuniões com equipe técnica (iluminador, coreógrafo, cenógrafo, engenheiros de som, etc…). Espero estar com o show pronto em julho.
MT: Pra finalizar, já que vivemos “tempos estranhos”, que recado você manda para a humanidade?
FA: "Amor Geral"!!!!!
Confira abaixo o Videoclipe OUTRO SIM:
Confira abaixo o Making Of do videoclipe OUTRO SIM:
Fotos: Gui Paganini (arte by Giovani Bianco) e Flavio Zangrini
Marcello Taurino (do signo de touro) é técnico em contabilidade e iniciou sua carreira artística nos anos 90. É ator performer, audiomaker, videomaker, ativista/militante LGBT, dançarino e aderecista, entre outras aptidões.