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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Gênero e LGBTTfobia se discute com criança sim!

Em Neon: terça-feira, 15 de setembro de 2015


Muito ouço as pessoas falarem que temas como gênero e LGBTTfobia não se discute com crianças e eu não consigo compreender o real motivo desta contestação. Visto que são as crianças que vão assumir as rédeas de tudo num futuro próximo, reforço o quão importante é falar sobre estes assuntos.

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Fui arte educador em uma escola da zona leste de São Paulo durante um tempo, em parceria com uma professora da escola desenvolvi algumas atividades voltadas para super valorização da cultura negra.
Certa vez um dos meninos inscrito na oficina chamou a avó do colega de classe de gay. Ao mesmo tempo tínhamos um caso de homofobia bem espinhoso nas mãos. Um educando um pouco mais velho estava sendo exposto tanto na escola quanto na comunidade por fugir das regras da heteronorma.

Neste momento chegamos em um consenso que algo deveria ser feito imediatamente. Com o apoio da amiga e professora responsável pelo projeto realizei duas rodas de conversa com as crianças sobre essas questões.

No primeiro encontro levei imagens que trocam os valores que até então nos foi imposto. Homens realizando atividades consideradas de mulher e vice versa ilustraram a conversa que em nenhum momento se mostrou tímida. As crianças ficaram bem à vontades e trouxeram muitos exemplos do cotidiano, conforme eu trocava as imagens no data show.

No segundo dia falamos sobre os diversos preconceitos que pessoas LGBTTs sofrem. Para a minha surpresa, todas as crianças trouxeram exemplos de amigos que eram chamados de viado e amigas que eram chamadas de sapatona, condenando o ato.

No fim destes dois encontros pedi que as crianças desenhassem algo que mostrasse o que elas entenderam nestes dois dias de conversa.

Os desenhos ficaram expostos no muro da escola, para que todos os outros alunos tivessem acesso à informação compartilhada nesta vivência.

Para a nossa felicidade, na mesma semana a escola recebeu a visita de uma coordenadora da diretoria de ensino da região, que elogiou o trabalho dando legitimidade que o mesmo permanecesse nas paredes.

Não subestimem nossas crianças! Elas são sim capazes de compreender a complexabilidade de todos estes temas, e além disso problematizam como ninguém.

Vai ter educadora e educador discutindo o tema SIM!

Foto: Arquivo de Ezio Rosa

Por: Ezio Rosa

Ezio tem 20 anos é integrante do corpo de baile do Ilú Obá de Min - Educação, cultura e arte negra, é Membro cofundador do coletivo Ijó Lewá (https://www.facebook.com/ijolewa?fref=ts), cuja missão é disseminar a cultura-afro brasileira através da dança e da musicalidade na periferia. Autor do tumblr Bicha Nagô (http://bichanago.tumblr.com/), que traz a proposta de discutir homossexualidade com o forte recorte de raça e classe. Arte-educador no Projeto “Mais Educação”, atuando na zona leste de São Paulo, onde realiza atividades voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e à problematização de gênero e lgbtfobia entre crianças de 8 a 12 anos de idade.


 
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