Prestes a apresentar a 19ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Valder dos Santos, ator que dá vida a colorida Drag Queen Tchaka, encontrou uma brecha em sua agenda (e que agenda!), para conceder uma entrevista ao Em Neon e falar um pouco sobre o que estar à frente de um evento desta importância representa em sua vida e carreira.

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Extremamente politizada e esperta, Tchaka dispensa apresentações no meio LGBT e circula com grande popularidade no meio hétero, já que seu marketing é tão constante, que é difícil passar um dia sem dar de cara com alguma de suas postagens nas redes sociais. Tchaka ocupa grande parte de seu tempo promovendo sua imagem artística e lutando pela causa LGBT, entre outras coisas.

Aonde houver câmeras, flashs e microfones, lá estará Tchaka, que se orgulha em correr atrás de oportunidades, afinal de contas, as contas de um país cheio de políticos corruptos não param de chegar, e estão cada vez mais altas.

Confira a nossa entrevista EXCLUSIVA com a Rainha Tchaka:

Em Neon: Suponhamos que, por medo ou preconceito, uma pessoa LGBT nunca tenha ido a uma edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, quais argumentos você usaria para convencer esta pessoa a conhecer o evento?
Tchaka Drag: Nessa era de WhatsApp vários adolescentes me adicionam aos grupos e tem de tudo, desde "Eu sou gay e meus pais não sabem" até "Partiu Parada Gay Primeira Vez".  Em um desses grupos, um jovem de Brasília me perguntou como poderia vir, caminhar, se hospedar e o que dizer aos pais, minha resposta: Meu jovem é simples, hoje a organização do evento é grandiosa, temos guias especializados, que vão te ajudar na escolha de hospedagem, etc. E o que dizer para seus pais? Diga que nós, os jovens, temos a curiosidade do conhecer, seja pelas músicas, luta ou pegação, o importante é entender tudo isso vivendo.

EN: Sabemos que algumas pessoas costumam dizer que estar em cima do Trio Elétrico nesta data é “oportunismo” ou uma forma egocêntrica de autopromoção.  O que você diria para estas pessoas?
TD: Saber exatamente o seu papel na engrenagem dessa máquina é importantíssimo para colocar menos ou mais óleo, então sei da minha responsabilidade em estar no trio com o mundo me vendo (sendo que é a segunda vez que venho em um trio, sempre vim no chão) e com o microfone em minhas mãos, a responsabilidade aumenta e muito. Sim, a visibilidade é imensa, sim a oportunidade de estar à frente de um projeto pensado, trabalho e realizado a muitas mãos é para formiguinhas especiais.
 
EN: Para você, como uma personalidade famosa que milita o ano inteiro, qual é a diferença entre este dia e os outros 364 do ano?
TD: A diferença é que esse dia é para lutar, festejar, dar pinta, ver amigos, sorrir e ver as vitórias alcançadas durante os outros dias de lutas.

EN: Pela segunda vez você tem a honra de apresentar a Parada. Alguns acham que se trata de “aparecer”, o que no seu caso, apesar de trazer visibilidade, é algo que você faz todos os dias. Qual o seu real motivo para ser apresentadora neste dia tão importante?
TD: Não vejo problema em APARECER, adoro aparecer, me exibir, me mostrar, dançar, gritar, representar, enlouquecer plateias, afinal eu sou uma DRAG QUEEN e o próprio nome diz que é o EXAGERO em pessoa. Mas alio esse "aparecer" com inteligência, eu atraio repórteres e jornalistas pela minha louca forma de APARECER, sei exatamente o que o repórter vai perguntar e sei exatamente o que ele quer ouvir, mas quando abro a boca para as nossas causas, a casa deles vai ao chão. Sim a Drag Queen Tchaka adora APARECER (Risos).

EN: Você sente que alguma colega de trabalho tenha se afastado desde que você passou a ser a apresentadora oficial da parada?
TD: Brinco sempre que a Tchaka pode não ser a mais engraçada (nem é minha pretensão ser), mas sou uma das mais aceitas, tanto no mundo LGBT, como no mundo "hétero". A cada ano que passa uma palavra vem me perseguindo: “PRESTÍGIO”. Tanto no mundo LGBT quanto no "hétero" e eu quero é mais. (Risos).

EN: Sabemos que a sua rotina é super corrida, do uso constante de maquiagem, roupas pesadas e de toda esta produção. Dá pra levar uma vida saudável sendo a Rainha Tchaka?
TD: Digo sempre que pesado é ser pedreiro (risos), minha vida "desmontada" é a mais simples possível. Adoro comer os banquetes que meu maridão, o Chef Carlito, faz, conversar com meus amigos, ficar horas nas redes sociais e dormir, adoro dormir com meu filho Jujuba agarradinho.

EN: Sinceramente, você acredita que um dia em 365 possa realmente mudar a cabeça das pessoas?
TD: Sim, acredito que nossa luta é todo dia contra o machismo, racismo e homofobia.

EN: Final de Parada, pés inchados, maquiagem derretendo, canseira. Qual o saldo para a Drag Tchaka  e para o cidadão Valder?
TD: A certeza de dever cumprido, missão dada, missão cumprida. A Drag Queen Tchaka vai para o closet e o Valder descansar, porque na segunda-feira começo a gravar um filme do cineasta Ivan Ribeiro, com o título "Bodas do Diado", que tem Bill Santos no elenco.

EN: Para finalizar, qual o recado que você quer deixar para seus fãs e para quem está te conhecendo agora?
TD: Quero convidar você que nunca foi ou já foi à Parada, para que todos e todas gritem num só coro "Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vou ser sempre assim, respeite-me!" Com as cores do arco-íris vamos nos divertir, lutar, dançar, beijar, caçar, militar, sermos livres... Nosso encontro é no dia 07 de junho às 11h, no primeiro trio, juntinho com a Rainha das Festas Tchaka.

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Imagens: Arquivo pessoal/Uol/Globo
Arte: www.codeartdesign.com.br

Por: Maurício Code -  CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Maurício Code.

Maurício Code é designer gráfico, atuante no mercado desde 1995, DJ produtor, criador do selo Code Art Design (www.codeartdesign.com.br) e promoter de eventos na noite carioca através da pop4fun. Em seu curriculum destacam trabalhos para artistas nacionais e internacionais, remixes disponibilizados gratuitamente na internet além de trabalhos como visagista para cinema e televisão.