Há fases na vida que estamos mais carentes, solitárias, outras em que trabalhamos loucamente e não temos tempo nem pra pensar na gente e ainda outras fases mais reflexivas. Acho que estou vivendo um pouco de cada fase, tipo tudo junto e misturado, mas tendendo para a reflexiva.
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Nesses momentos de profunda reflexão, é natural repensarmos a vida que levamos, se temos o peso que queremos (essa parte pula porque estamos de dieta eterna), se estamos felizes com nosso trabalho, o porquê ainda não encontramos a pessoa certa (se é que ela existe) ou talvez ela já tenha passado na sua vida e você nem se dera conta.
Me peguei, numa madrugada dessas reflexivas, escutando um vídeo na internet de um Rinpoche Budista muito famoso e sábio que falava sobre o amor e os relacionamentos. Esse vídeo de quase 2 horas, uma palestra dada por ele em um evento nos Estados Unidos, falava que o propósito fundamental da prática do budismo Mahayana, que acredito eu que sirva para todos nós, é levar todos os seres a liberação. Muitas vezes dar liberdade a todos os seres é difícil, é algo tão abstrato que se torna muitas vezes impossível e impensável. O Rinpoche seguia dizendo que mesmo que não consigamos dar libertação, ou seja, liberdade a todos, que consigamos dar pelo menos ao nosso companheiro. Viver em um relacionamento se sentindo basicamente estrangulado pelo outro, encarcerado não é um relacionamento, é uma prisão.
Imagina quantas brigas teríamos evitado se déssemos realmente liberdade uns aos outros! Quantas cenas de ciúme ou controle eu protagonizei na minha vida e o que ganhei com isso? Nada, na verdade ganhei brigas, inseguranças, estresse e muitas vezes eu afastei mais o cara que o aproximei.
Você deve estar se perguntando, a teoria budista é muito boa, as ideias dessa trintona são ótimas, mas e por isso em prática? Concordo, é muito difícil, mas vejo que tomarei isso pra minha vida como uma pratica diária. Quantos namoros poderiam ter prosseguido na minha vida, na sua vida, se nós não estivéssemos estrangulado o parceiro com perguntas do tipo: pra quem ele está enviando mensagem? Com quem ele bebeu chopp no final do dia? Ele veio direto para casa ou está por aí na academia? O que ganhamos não dando espaço e liberdade?
Segundo o Rinpoche, o próprio Buda disse que devemos tratar as nossas vidas, a chamada vida familiar, como uma experiência passageira, como se fosse um hotel. Nos grandes hotéis as pessoas entram e saem.
Não estou aqui pregando religião, mas como essas palavras mexeram comigo e me fizeram refletir por dias, quis dividi-las com vocês. Nossa vida é assim. Todas as relações são temporárias. Nada, nada é eterno. Novos amigos entram, velhos amigos saem. Velhos amores se vão e novos entram na nossa vida, porque é assim que a vida é. Isso não é só pra relacionamento, esse café ou esse suco que você está tomando nesse momento, ou esse bolo feito com carinho podem ser o último. Então porque não aproveitar o agora, não aproveitar o tempo real? Por que se apegar a coisas pequenas, a brigas, a controles, a ciúmes ou só pensar no futuro e não curtir o que se há pra curtir nesse momento, o agora.
Se eu tivesse ouvido estes ensinamentos há um, dois, 10 anos atrás talvez minha vida hoje fosse tão diferente! Não prometo ser uma pessoa 100% melhor com 2 horas de ensinamentos online, mas que essa palestra me abriu os olhos e mudou a forma como conduzo minha vida hoje, ah! Isso não tenho a menor dúvida! A idade tem isso de bom, te faz pensar, repensar, refletir e ver a vida por outros prismas e assim nos dar a chance de evoluirmos cada dia mais e mais.
Por: Gika Mendonça
Gika é professora, blogueira, trintona, doutoranda, roteirista, devoradora de chocolate amargo, livros da Martha Medeiros e filmes antigos. Graduada e Mestre em Letras pela UFRJ, divide seu tempo ministrando aulas de espanhol, estudando para pós e na manutenção do seu blog “O Mundo de uma trintona”. Trabalhou como assistente de Doc Comparato com quem fez seu primeiro curso de roteiro na AICTV. Estudou também com outras feras do roteiro Fausto Galvão, Ingrid Zavarezzi e Vitor de Oliveira.
Gika é professora, blogueira, trintona, doutoranda, roteirista, devoradora de chocolate amargo, livros da Martha Medeiros e filmes antigos. Graduada e Mestre em Letras pela UFRJ, divide seu tempo ministrando aulas de espanhol, estudando para pós e na manutenção do seu blog “O Mundo de uma trintona”. Trabalhou como assistente de Doc Comparato com quem fez seu primeiro curso de roteiro na AICTV. Estudou também com outras feras do roteiro Fausto Galvão, Ingrid Zavarezzi e Vitor de Oliveira.