Até o próximo domingo, dia 23/11, São Paulo abriga o 22º Festival Mix Brasil da cultura da diversidade. E essa diversidade se reflete na programação variada, com filmes de todos os tipos para todos os gostos, além de espetáculos teatrais, de música e de dança, performances e leituras dramáticas. São diversas opções espalhadas em quatro locais: Centro Cultural São Paulo, Cine Itaú Augusta, Museu da Diversidade e Cinesesc. Por absoluta questão de falta de tempo, não estou desfrutando do festival tanto quanto gostaria, mas na medida do possível, prestigiei algumas sessões e não vou perder o Show do Gongo, o momento mais engraçado do festival, em que vídeos mais caseiros tentam sobreviver ao “gongo” da plateia. O evento acontece nessa terça, dia 18, às 21 horas, na Sala Jardel Filho, do CCSP.
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Por hora, relato um pouco do que vi nesses primeiros dias:
BIJOU (EUA, 1972)
Roteiro e direção: Wakefield Poole
Produção norte-americana de 1972, o filme faz parte da Mostra “Pioneiros do Cinema Homoerótico”. De fato, quando pensamos em filme pornográfico hoje em dia, imaginamos algo que passa bem distante do mérito, digamos, artístico, muito diferente dessa produção sensível, caprichada, cheia de estilo e, por que não dizer, poética. O filme mostra a trajetória de um trabalhador da construção civil que vai a um clube underground e experimenta todos os tipos de prazeres homossexuais. Mas não é apenas um filme com conteúdo de sexo explícito. Há todo um clima erótico, que perpassa pela trilha sonora, pela direção e pelos enquadramentos. Enfim, algo impensável nos pragmáticos dias de hoje. Muito interessante.
FAVELA GAY (Brasil, 2014)
Roteiro e pesquisa: Ana Murgel
Direção: Rodrigo Felha
Excelente documentário que mostra o cotidiano de vários moradores gays de diferentes comunidades cariocas, e como eles se inserem nessas sociedades, dominadas pelo tráfico, pelas igrejas evangélicas e a própria vizinhança. Além dos personagens serem muitíssimo interessantes, o filme surpreende ao mostrar que o preconceito, muitas vezes, é mais forte no “asfalto” do que nas comunidades, em que os moradores, muitas vezes, são mais sensíveis e solidários. Vale muito a pena conhecer diferentes universos, ver como a comunidade LGBT é diversa e, como relata o deputado federal e ativista LGBT Jean Wyllys, no filme, muitas vezes o que todos têm em comum é apenas o preconceito que sofrem. Acima de tudo, um filme alegre, solar e esperançoso.
ALGO A ROMPER (“Nanting Maste Ga Sönder” – Suécia, 2014)
Roteiro: Eli Levén e Ester Martin Bergsmark
Direção: Ester Martin Bergsmark
Filme que abriu o festival, narra a complicada história de amor entre dois jovens, o romântico e andrógeno Sebastian e belo Andreas, que tem sua primeira experiência homossexual e que, por isso mesmo, não sabe lidar com o sentimento crescente entre eles. Mais do que uma história de amor, o filme é sobre descoberta e busca de identidade desses dois jovens, sobretudo de Sebastian e sua viagem iniciática em busca do autoconhecimento, que culmina em Ellie, sua verdadeira personalidade. Belo e sensível, o filme não nos poupa de imagens fortes e contundentes, mas sempre poéticas.
Para aproveitar essas e outras dicas, acesse o site do festival e tenha acesso à programação completa:
http://www.mixbrasil.org.br/
Vitor é Roteirista, escritor, professor e dramaturgo. Criador do blog “Eu prefiro melão”, um dos pioneiros a publicar textos de conteúdo próprio voltado para o universo da teledramaturgia, que deu origem ao seu primeiro livro “Eu prefiro melão – melhores momentos de um blog televisivo”. Colaborador da nova versão de “O astro” (2011), novela de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, premiada com o “Emmy Internacional”. Atualmente, é um dos roteiristas de “Lady Marizete”, novela das 19 horas da Rede Globo, prevista para 2015. No cinema, foi roteirista dos curtas “Corra, Biba, Corra”, “Metade da Laranja”, “12 horas" e "A Maldição da Rosa". Autor de três peças de teatro: “O que terá acontecido a Nayara Glória?”, “Mãe” e do infantil “A bola mágica”.