Infelizmente viver como ator de teatro no Brasil não é uma tarefa muito fácil. Muitas vezes atua-se por amor e não por dinheiro, não que o vil metal não seja almejado, mas é que a cultura brasileira está longe de privilegiar grandes operários da arte e dar a eles o devido valor (em todos os sentidos).
A partir do momento que decidiu o tema, o grupo começou a ter encontros com psicólogos, pesquisadores de gênero, além de ir em busca de muitas referências cinematográficas e literárias. Foi levantado um grande material com histórias reais de crianças transgêneros, até chegarem na relação da criança com seu próprio “NOME”. Então, começaram as leituras de cenas e grupos de discussões. Só depois, de muito preparados e familiarizados com a temática, é que partiram para a encenação.
Há pouco tempo houve uma polêmica com o filme "Praia do Futuro”, estrelado pelo ator Wagner Moura, pelo fato de pessoas saírem da sala e pedirem o estorno do ingresso por ser um filme com temática homossexual. Perguntado se ele acreditava correr riscos de pessoas “desavisadas” fazerem o mesmo, Sandro não hesitou: “Sempre há o risco. O teatro tem essa mágica que é possível pela troca viva em tempo real. Pessoas (vivas) podem não gostar de algo e resolverem sair. Acho que pode acontecer. Nunca pensamos dessa forma, talvez porque o trabalho é tão delicado e sensível, e por ser para crianças, pais e quem mais vier, não acreditamos que alguém possa se sentir ofendido. Mas sim, há o risco. É triste pensar que, talvez por intolerância, a pessoa acabe se fechando para um mundo mais respeitoso e amoroso. O nosso espetáculo vem com essa maré, trazendo respeito e amorosidade.”
Tendo em vista que no Brasil trazer público para os teatros é uma tarefa árdua, teria a peça uma estratégia para conquistar o público? Sandro disse acreditar no famoso boca a boca: “Com certeza essa é a mais eficaz estratégia. Acho que o espetáculo já está abrindo possibilidades para discussão sobre o tema e isso é algo que não chega a ser uma estratégia para conquistar público, mas pode funcionar”.
A peça “O Pequeno Menino Sereia” fala de Marcus, que nasceu em um corpo de menino, mas na verdade é uma menina transgênero. Ela se veste de sereia e sofre bulling na escola, mas conta com seus dois amiguinhos para finalmente resolver a questão de seu nome e acabar com o preconceito dos coleguinhas na sala de aula. A peça é sutil e com momentos de extrema delicadeza. Os atores acreditam em seus personagens e se entregam à essa história mágica e poética, tão bem desenvolvida por Sandro. Adriana emociona o público, ao mesmo tempo que diverte e conquista a plateia com sua personagem. Os meninos vividos por Flavio Meira e Phelipe Moraes são divertidos, fazem rir o tempo todo e cativam o público. Com certeza é um espetáculo que agrada crianças, mas também adultos. Leve seus filhos, irmãos, sobrinhos e vá com eles divertir-se com esta história emocionante.
Curta a Fanpage da peça "“O Pequeno Menino Sereia” e fique por dentro das novidades sobre esse brilhante espetáculo: fb.com/opequenomeninosereia
O Pequeno Menino Sereia
Autor e diretor: Sandro Pamponet
Elenco: Adriana Valdevina, Flavio Meira e Phelipe Moraes
Local: Rua Padre Leonel Franca, 240 (Planetário da Gávea), Gávea
Tel.: (21) 2274-7722
Sábado e domingo, 16h
R$ 20,00
Duração: 50 min
Até 20 de julho
Imagens: Divulgação
Por: Eduardo Moraes
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br