A falta de bom senso é realmente inerente em alguns seres humanos. A nova campanha da joalheria Chaumet foi censurada na cidade francesa de Pecq, em Yvelines, por insinuar um beijo entre duas mulheres. Eu disse duas? Pois bem, na verdade não são duas e sim Marine Vacth, a nova musa do cineasta François Ozon, em uma alusão ao mito Narciso, que se apaixonou por seu próprio reflexo, mas na versão feminina. Ou seja, a foto da campanha, feita pelo famoso fotógrafo americano Mario Sorrenti é de uma “Narcisa” tentando beijar a si mesma. Tanto que a campanha leva o nome de “Double je” (Duplo eu).
O prefeito de Pecq mandou retirar os cartazes da cidade, pois disse ter recebido reclamações de várias pessoas que se diziam "chocadas" com a campanha e pediram a sua retirada: "Eles nos disseram que não gostaram de ver as crianças submetidas a esse cartaz, que era chocante e também trabalhoso ter de responder às perguntas dolorosas dos filhos." A atitude do prefeito gerou polêmica e revolta em uma associação de luta contra a homofobia. Ou seja, agradou alguns e desagradou outros. Enquanto as míseras pessoas ofendidas se sentiram “aliviadas” outras pessoas viram com maus olhos este tipo de censura à publicidade. Como é o caso da associação SOS Homofobia, que disse: "Condenamos veementemente a decisão do prefeito de Pecq. Ao eliminar este cartaz em espaço público, em uma censura inaceitável, a prática reflete e reforça a hierarquia dos casais e indivíduos de acordo com sua orientação sexual. O véu que foi colocado neste cartaz destaca a lesbofobia que não ousa dizer seu nome." Sua presidente, Yohann Roszéwitch, falou indignada: “É deplorável ceder à pressão. É horrível ter que aceitar aqueles que sugerem que um beijo entre duas mulheres é menor do que um beijo entre homem e mulher", comentou sobre o caso.
O prefeito Laurence Bernard diz entender a reação, que não é homofóbico e relembrou a celebração do primeiro casamento gay em sua cidade: "Estou chocado e triste com essa controvérsia levantada. Eu queria apaziguar as coisas . Eu pensei que ao remover os cartazes, estaria dando um passo em direção à essas pessoas e que eu poderia levá-las a aceitar a evolução da sociedade, mas sem pressa", disse o prefeito à AFP, e acrescentou: "Eu acho que aqueles que solicitaram a retirada da campanha, nem sequer a viu como uma interpretação do mito de Narciso".
Só podemos lamentar atitudes que mostram o quão pequeno é o pensamento de pessoas intolerantes e preconceituosas.
A Redação