Minha secretária anuncia a chegada dos repórteres de uma das maiores revistas femininas do país, para a entrevista já marcada. Duas jovens mulheres entram e sentam a minha frente. Quebro o gelo agradecendo o interesse no tema envolto em tantos tabus. Conversamos uns cinco minutos com desenvoltura, de ambos os lados, até que percebo as “meninas” virando disfarçadamente a cabeça de um lado a outro, "fotografando" com olhos - apetitosos - paredes e cantos de minha sala. Disfarço uma, duas vezes e finalmente fecho o cerco! Pergunto o que procuram e ouço a pérola entre risos. "Pintos!". E explicam que na reunião de pauta, da revista em questão, onde surgiu a ideia de entrevistar a dona da G Magazine, foi levantada a "fofoca" - que corria solta no meio - de que as paredes de minha sala de trabalho eram cobertas de fotos de pênis. Os mais variados possíveis. Risos.
Qual não foi a surpresa delas ao dar de frente com um recinto tão, digamos assim, careta e bizarro para o que buscavam.
De um dos lados de minha mesa um enorme vaso com o macho e a fêmea da árvore da felicidade. Exuberantes, mas plantas, do outro lado uma imagem de Nossa Senhora Aparecida de mais de 1/2 metro de altura, rodeada de pequenos anjos, reinava absoluta em sua vestimenta azul, dourada e com muito brilho. De gosto duvidoso, mas MAJESTÁTICA! O que mais? Uma fontezinha de pedras que a nossa secretaria da faxina insistia em manter do lado oposto ao que o Feng Shui pedia. Alguns quadros de bom gosto e discretos. Enfim...
Decepcionadas??? Apesar de terem rido do fato eu acho que foi decepcionante (risos). Mas... confessei a elas que ali naquele espaço - minha sala - e todo o restante daquele sobrado do Bairro do Brooklin, em São Paulo, viviam o Sagrado e o Profano, em uma coexistência pacífica e harmônica. E com Muito Prazer!
A conversa foi ótima e a matéria ficou boa. “E as graciosas repórteres desfrutaram, depois da entrevista feita e já na sala da redação da G Magazine, de toda nossa “matéria prima”, revistas e muitas fotos dos mais belos e imponentes membros. Paus para qualquer obra!
Por Ana Fadigas
Ana Fadigas é paulistana, leonina, mãe e avó. Publicitária, Jornalista, Editora e Terapeuta formada nas escolas da vida e pela vida em mais de 35 anos de mercado de Comunicação.