A nova versão de RoboCop que estreou no Brasil em fevereiro parece não ser nada fiel à versão original. Talvez a excelente atuação de Joel Kinnaman (RoboCop) seja o que salva o remake desse clássico de ação sem muita ação. Por se tratar de um remake, comparações com o original são inevitáveis.
Aliás, esqueça a ação, não que não a tenha, mas o filme inteiro se passa em função do drama familiar do policial que desta vez não é metade máquina e metade homem, é 80% máquina mesmo.
E do âncora do jornal que aparece mais que o próprio robô.
Eu que esperava um filme mais violento que a versão do Paul Verhoeven (RoboCop 1987 - foto), que tive o prazer de assistir várias vezes no cinema, saí da sala um tanto quanto frustrado, não pelo remake em si, mas pelo fraco roteiro. Mesmo com tantos atores de peso (o elenco conta com Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish e Samuel L. Jackson).
Ah! Lá no início eu achei que o capacete do novo RoboCop tem um quê do Alien, criação do pintor surrealista H. R. Giger, impossível não lembrar dele...
Em relação ao RoboCop de 1987, temos a premissa conhecida do policial competente que sofre um atentado e é mantido vivo como máquina (o atentado ao policial é bem ameno em relação ao original). A diferença que Padilha traz são os muitos coadjuvantes criados, não apenas como peças funcionais para a trama, mas principalmente como tópicos de debates paralelos: o cientista em crise com a criação (a questão da ética científica e da robotização, sem citar as leis da robótica), os policiais (com a crítica à corrupção policial), o âncora de TV reacionário e polêmico (influência da mídia, super atual), os industriais com seu departamento de marketing (o consumismo e a manipulação da opinião pública).
A afetação e o discurso do personagem de Samuel L. Jackson cansa (é a Sherazade deles), e talvez seja o que há de pior no filme.
“É um amontoado ensurdecedor e maçante de cenas de ação que estão mais para [os jogos eletrônicos] 'Call of Duty' do que para ‘RoboCop’”, segundo o jornal inglês “The Guardian”. E eu concordo com ele! Muito barulho para pouca história.
Nota: [2/5]
Como diria o Bino (Carga Pesada): fuja, é uma cilada! Mas veja no cinema e tire suas conclusões, claro!
Sinopse:
Em um futuro não muito distante, no ano de 2028, drones não tripulados e robôs são usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos não pode ser realizado por eles e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Uma das razões para a proibição seria uma lei apoiada pela maioria dos americanos. Querendo conquistar a população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte.